Em Autômatos, Péricles Mendes combina materiais, percepções e procedimentos distintos para inventar uma ordem e suavidade aos elementos funcionais e caóticos que ocupam o espaço da cidade. Mendes capta o emaranhado de fios elétricos, postes de iluminação e a presença flutuante dos pássaros em voo, e os transforma em um trabalho de desenho, embora sua linguagem esteja na mistura entre vídeo, fotografia objeto e som. O que está imperceptível no cotidiano ou perceptível, como objetos sem forma nem equilíbrio, transforma-se em narrativa videográfica, na qual o sentido de flutuação, muito bem extraído das imagens dos pássaros, parece reordenar o caos. O que está implícito para além da materialidade híbrida de Autômatos é o trabalho silencioso da observação, que age numa reconfiguração estética do mundo concreto, antes mesmo de sua matéria palpável.
Texto: Mariano Klautau
Para baixar catálogo completo (PDF):
Nenhum comentário:
Postar um comentário