sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ollhar de Péricles Mendes, 09 de Maio, Teatro Eva Herz - Livraria Cultura- Salvador







No Olhar de Péricles Mendes, fomos inundados por uma fotografia baseada em alicerces teóricos sólidos, erguidos sobre pilares de muita pesquisa, estudos e experimentações. Muitos artistas refletem o contexto econômico social no qual estão inseridos, fazendo da realidade uma fonte de inspiração para trabalhos conscientes que traduzem deficiências ou simplesmente aspectos do comportamento social que, às vezes de tão banais nos passam desapercebidos. Nessa linha de pensamento, artistas como Péricles se deixam permear totalmente por essas influências, não se desapercebendo do contexto onde seu pensamento e obra estão inseridos.

“Autômatos”, “L.A.P.A – Leitura em Ambientes de Passagem” e “Subtraídos: Uma Estética do Desaparecimento” foram alguns dos trabalhos apresentados por Péricles. Ao observá-los, ficou claro que o pensamento fotográfico do artista aborda constantemente o ambiente das cidades, com todos os seus progressos e retrocessos. Revelam-se justamente na casualidade, na decadência e na desorganização, temas possíveis para o pensar sobre. E são muitas as possibilidades de reinterpretar a realidade que nos circunda. O “Autômatos” por exemplo é um trabalho fotográfico onde Péricles recortou os detalhes da urbe, em sua confusão antiestética e decadência temporal, e que posteriormente, foi transformado num vídeo que recebeu menção honrosa pela inovação no 15º Festival Nacional Cinco Minutos realizado em Salvador – Ba em outubro de 2012.









A crítica é um elemento constante e caracterizador na obra de Péricles Mendes. Ele não se esquiva de estabelecer uma posição sobre temas que o incomodam, trazendo sim um juízo moral, baseado no estudo e conhecimento intelectual sobre os temas. Em sua obra, ele se posiciona como cidadão que faz parte do contexto crítico abordado, fugindo da passividade do ponto de vista do apenas “cidadão observador insatisfeito”. Péricles interfere em sua realidade, quebrando a perspectiva ortodoxa e criando uma dimensão paralela entre o real e as possibilidades do virtual, mas sempre levantando questionamentos validados pelo seu olhar cidadão e artístico, que aproveita as mazelas urbanas como inspiração recriadora para sua arte.

Foi um prazer ouvi-lo, Péricles Mendes!

Por Karla Braga
Fotos: Taciano Levi








O mar sempre exerceu um fascínio sobre minha pessoa, como artista visual não tardou para que essa convivência influenciasse minha poética, meu imaginário. O hábito corriqueiro de contemplar e caminhar pela praia, me possibilitou perceber o universo de costumes, tradições e valores da cultura que são agregados as águas do mar. Transformar estas observações /percepções em objetos estéticos, requer um comprometimento emocional real, verdadeiro, uma entrega sensorial na qual, só me interessa coexistir naquele instante de contemplação, renunciando o antes e o depois temporal. Então, só posteriormente a esta experiência de interação com o meio ambiente, posso exteriorizar minhas abstrações/reflexões.